terça-feira, 27 de julho de 2010

A alienação da "Democracia" no Contrato Social.

Jean Jacques Rousseau, em sua obra - Do Contrato Social, em seu livro II, capítulo VII, explica de uma forma resumida a alienação que o povo é submetido com a prorrogação do tempo em sua história:

Os povos, assim como os homens, somente são dóceis na juventude; ao envelhecerem, tornam-se incorrigíveis; uma vez estabelecidos os costumes e enraizados os preconceitos, constitui empreendimento perigoso e inútil pretender reformá-los; o povo sequer concorda que se lhe toque nos males a fim de destruí-los, à semelhança desses estúpidos e medrosos doentes que estremecem com a presença do médico."

A alienação ultrapassa qualquer barreira que estabelecem a relação de dualidade: Estado e Povo. O Estado impõe as regras deste jogo (legitimidade) e o povo acaba sendo submisso aos interesses individuais, quando na verdade a declaração da vontade geral deveria ser percebida. Instalou-se junto com a cegueira a dependência extrema de um governo privado. A começar, a intervenção dos poderes e de fato a não separação material ( legislador julga, executivo( que só opera através de atos particulares, não sendo a essência do Legislativo, está naturalmente separado) também o faz), são efeitos notórios de um Estado sem governo. O Estado sem governo então transforma a relação de dualidade Estado e Povo em Alienador e Alienado, tornando cada vez mais abstrato a " VONTADE DE TODOS" ou a " VONTADE DA MAIORIA". Em tese um Estado que governa com coerção não pode ser considerado um Estado Legitimado pelos governados, mesmo que tal forma seja aceita pela minoria.

"Não há senão uma leia que, por sua natureza, exige um consentimento unânime: é o pacto social, porque a associação civil é o mais voluntário de todos os atos do mundo; uma vez que todo homem nasceu livre e senhor de si mesmo, não há quem possa, sob qualquer pretexto, sujeitá-lo, sem sua permissão. Decidir que o filho de um escravo nasce escravo é decidir que ele não nasce homem."

 Os "rabiscos" conhecidos como políticas públicas visando resgatar as vítimas deste sistema falido, repassam a idéia de que a linha de direção do governo é atingir em conjunto as classes reconhecidas como excesso de mão-de-obra, quando na verdade visam apenas a promover determinados grupos, ciglas, facções. O presente CONTRATO SOCIAL, que deveria então ser estabelecido pelo GOVERNO X POVO é negado e posto em declínio. O Governado aceita o que é imposto, pois afinal sua situação de vida em constante degradação não o leva a fazer outra opção, continuando a atuar de forma escrava, barata e na condição de coisa. 

" Além disso, é evidente que o contrato do povo com tais e tais pessoas seria um ato particular; segue-se daí que tal contrato não poderia ser uma lei nem um ato de soberania e, por conseguinte, tornar-se-ia ilegítimo." 

Cuidado com o conceito de Democracia! Acreditar que a decisão de todos, a vontade de todos é  puramente uma democracia é semelhante a instituir um novo Reich, e partilhar de certa forma com o que fez Adolf Hitler na Alemanha( lembrar da alienação das pessoas que seguiam os seus ideais).


___________________________________________________________________________

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. Tradução de Ricardo Rodrigues Gama - 1ª. ed. Campinas: Russel Editores, 2006.154p.




Um comentário:

  1. Concordo, e principalmente com o fato de que todo homem nasce livre. Tbm deve morrer livre.
    Sobre alienação, ela vem de tudo e cada vez mais atualizada.
    Ela vem da distração pra se esconder da realidade.
    A alienação vem de ter uma rotina sem pensamentos profundos entre o que vale a pena e o que não vale. É aquilo de "apenas faça" sem se perguntar o por quê de fazer tal coisa.
    E ninguém votou em tal pessoa, mas essa tal pessoa tá lá!
    É complicada minha visão de política. Enxergo e não entendo a política.
    Se fosse tudo uma aldeia hippie seria mais fácil. hahaushsuahsuas
    Beijo.

    ResponderExcluir